A família e o banco

O gerente do banco perguntou pela minha familia!!! Como assim?!?  Por que?!?

Ouvi isso em uma conferencia para empreendedores de todos os lugares do mundo realizada na Lituânia. O palestrante era Simon, um americano que atualmente um dos maiores produtores agrícolas do mundo. Possui negócios no Chile e trabalha com pessoas de todos os lugares do mundo.

Na plateia haviam pessoas de diversos países e ficaram chocadas com o fato do gerente ter perguntado questões pessoais quando Simon foi abrir a conta no banco. Para mim, isso não foi uma surpresa pois no Brasil é similar. Nos Estados Unidos não é comum a figura de um gerente e todo o sistema bancário é online, as pessoas vão pouquíssimo ao banco.

Em minha conta brasileira, faço questão de ter um gerente, tanto na conta pessoal, tanto na jurídica. Quando estou no exterior, muitas vezes tenho problemas que o call center não resolve. Eu converso com o meu gerente pelo whatsapp e ele consegue resolver pra mim com facilidade. O meu namorado é americano. Quando ele me viu fazendo isso não acreditou como era possível!!!

Quando eu morava na Australia, consegui abrir uma conta no banco em apenas duas semanas. No Brasil, eu tenho alunos que estão há 2 anos tentando. Tenho outros alunos que tentaram abrir conta jurídica para sua empresa e não conseguiram. Abriram em nome de pessoa física e tinha frequentemente suas contas bloqueadas pois o banco suspeitava do valor das altas transferencias.

Comecei a compreender que em países como os Estados Unidos, os negócios são realizados de corporação para corporação ou de corporação para cliente. No Brasil e acredito que em outros países da America do Sul, tenho a impressão que os negócios são realizados de pessoas para pessoas e a corporação está ao fundo, validando, dando estrutura e viabilidade. É fundamental criar relações pessoais, afinal em muitos momentos, o sistema não funciona e será fundamental a boa vontade pessoal. Existem diversos protocolos no Brasil, mas todos esses protocolos podem ser quebrados os não de acordo com interesses dependendo da relação pessoal.

 

Marcelle, Brasileira, é fundadora da escola Fala Brasil, que oferece um modelo inovador de ensino embasado nas necessidades individuais do estrangeiro para se estabelecer no Brasil, e faz parte de um movimento crescente a favor de empresas mais sustentáveis e socialmente responsáveis. Ela acredita que um mundo melhor começa com a forma de se fazer negócios e na troca entre diferentes culturas.